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Brazilian artists

AI como Ferramenta para Criar Arte: Abraçando o Legado dos Readymades de Duchamp

Pausamos nossas publicações durante as festas de final de ano, mas estamos de volta. Com um assunto que não é exatamente novo (ano passado, durante a NFT Brasil, no Talk que participamos com a Elektra e a Rai Auad, já falavamos sobre ele), mas que continua sendo espinhoso para alguns.

Arte e AI! Então, vamos lá. Começando o ano com tudo!

A arte é um campo de constante evolução, com cada era trazendo novos movimentos, ferramentas e perspectivas. Hoje, estamos passando por algumas mudanças significativas novamente, especialmente no que tange ao instrumental.

NFTs e a inteligência artificial emergiram como ferramentas poderosas para o artista, especialmente o artista digital. Já falamos algumas vezes sobre NFTs, e neste artigo vamos nos focar na AI.

Esta tecnologia transformadora não é apenas um novo meio, mas um colaborador, um coautor, desafiando nossas noções de criatividade e autoria. Na nossa concepção, ela ecoa o impacto revolucionário dos readymades de Marcel Duchamp, que redefiniram o que poderia ser considerado arte, trazendo novamente essa discussão, mas para o mundo da arte digital.

Entendendo os Readymades de Duchamp

Marcel Duchamp introduziu na arte o conceito de readymades - objetos manufaturados comuns que ele selecionou e modificou ligeiramente, apresentando-os como arte.

Este ato desafiou as percepções tradicionais da criação artística e da criatividade, colocando ênfase na escolha e no conceito do artista em detrimento da sua habilidade e esforço manual.

Os readymades de Duchamp tornaram-se um marco na arte contemporânea, abrindo caminho para novas expressões artísticas.

Arte com AI

A arte com AI refere-se a peças criadas com a assistência de tecnologias de inteligência artificial, em suas mais diversas formas.

Isso abrange uma variedade de práticas, desde algoritmos que podem gerar arte visual depois de aprender com um conjunto de dados, até ferramentas de AI que colaboram com artistas humanos para criar novas formas de expressão. O modelo mais difundido, de texto para imagem, não chega nem a arranhar a superfície do universo de possibilidades artísticas que a AI promove.

Para nós, a arte com AI não é apenas o produto final, mas também o processo, envolvendo uma sinergia entre a intuição e criatividade humana e a inteligência da máquina.

Duchamp e Arte com AI: Qual a relação?

O elo conceitual entre os readymades de Duchamp e a arte AI reside na reavaliação do papel do artista e do processo criativo. Assim como os readymades de Duchamp eram mais sobre a ideia e seleção do que habilidade manual, a arte AI muda o foco da habilidade manual para as decisões conceituais e curatoriais feitas pelo artista. Desde a criação do conceito global de sua obra, o treinamento da AI, criação e afinamento do prompt, até a curadoria final da obra, ou das obras, que serão apresentadas ao mundo.

Nesse sentido, a AI pode ser vista como o equivalente moderno dos readymades – uma ferramenta para a expressão artística, através da colaboração entre homem e máquina, questionando os limites da arte - se é que, algum dia, haverá algum limite.

Esta colaboração pode ser comparada a um diálogo, onde o artista e a AI contribuem e respondem às entradas um do outro, em um crescimento constante, levando a criações novas e inesperadas.

Esse processo de criação tem desafiado a noção tradicional de originalidade na arte. Não é novidade que a arte gerada por AI levanta questões sobre autenticidade, já que a criação não é feita exclusivamente por humanos, ela é treinada com uso de bancos de dados mundiais, que envolvem conteúdos disponíveis na internet, que, por sua vez, muitas vezes estão protegidos por direitos autorais, etc. Essas questões, inclusive, já são objeto de diversas ações judiciais mundo afora.

As questões de autoria e propriedade passam, ainda, pela discussão sobre quem é o criador da obra final – o programador, o artista que usa AI, ou a própria AI? Mais ainda, aquela obra seria possível sem a participação de todos os envolvidos?

E deixando de lado a questão do direito comercial sobre a obra (que é mais simples no que tange aos programadores e IA - basta haver a devida licença), na questão de autoria, não seria mais correto que todas as obras geradas com a participação de AI fossem CC0 (domínio público, pelo Creative Commons)?

Ainda que estas questões demandem muita discussão, fato é que a AI já abriu um novo universo de originalidade, enraizado nas interações únicas entre o artista e AI, e na natureza irrepetível de cada peça gerada por AI. É um caminho sem volta.

Percepção Pública e Mercado

Obras de arte geradas por AI começaram a entrar em galerias e casas de leilões, sinalizando uma crescente aceitação e interesse nesta nova forma de arte.

E ainda que alguns a considerem uma ameaça aos valores artísticos tradicionais, é inegável que a arte produzida com o auxílio da AI capturou o interesse popular, aparecendo cada vez mais na mídia e em exposições públicas, e iniciando conversas sobre o futuro da arte.

Vários projetos de arte AI ganharam reconhecimento notável. Por exemplo, em 2016 o projeto "O Próximo Rembrandt", usou AI para criar uma nova pintura no estilo de Rembrandt, e mostrou o potencial da AI para aprender e emular estilos artísticos clássicos.

Outros projetos se concentraram em expressões mais abstratas e originais, expandindo ainda mais o escopo da arte AI.

Assim, ainda que as discussões sobre violação de direitos autorais por AI possam vir a modular seu uso, especialmente conforme decisões judiciais mundo afora passem a condicionar o uso de determinados conteúdos (ou os liberem definitivamente), fato é que a AI já está presente em nossa vida, e na arte, de maneira indelével - e daqui em diante essa presença somente crescerá.

Conclusão

O futuro da AI na arte está apontando para um horizonte de crescimento e inovação exponenciais.

Avanços na tecnologia de AI permitirão colaborações mais sofisticadas e matizadas entre humanos e máquinas. O potencial da AI para transformar a expressão artística é vasto, abrindo novas possibilidades para a criatividade, que estamos apenas começando a explorar.


*Este artigo também foi escrito com a colaboração da AI, através de um Chat GPT customizado, que auxiliou na elaboração da estrutura de tópicos e na escrita de algumas partes do artigo.

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